Kalil resume violência no Carnaval a "roubo de carteira e celular"

Prefeito apresenta os bons números da festa, mas ignora denúncia de blocos contra agressões da PM


Por Lucas Simões

foto: Amira Hissa

Surfando na onda do maior Carnaval já acontecido em Belo Horizonte, com recorde financeiro e público, a Prefeitura e o comando da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) minimizaram as dezenas de denúncias de violência relatadas contra a atuação dos militares na folia (https://goo.gl/NTGj2M). Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (19/02), o prefeito Alexandre Kalil (PHS) resumiu os casos de violência a roubos de celulares e carteiras, e agradeceu a atuação da polícia.

“Colocaram quase oito mil homens (policiais militares) na rua, o que nos deu uma sensação de segurança muito grande. Obviamente, roubaram celulares, bateram carteiras. Irão continuar batendo carteiras e roubando celulares, num nível tolerável, obviamente”, disse Kalil. Assim como o governador Fernando Pimentel (PT) fez na semana passada (https://goo.gl/SVWn2M), o prefeito ignorou os casos de violência da polícia, falou rapidamente e deixou a coletiva de imprensa.

Nesta terça-feira (20/02), os 70 blocos carnavalescos que assinaram a “Carta aberta à PMMG contra a repressão ao Carnaval de BH” se reúnem no Teatro Espanca, a partir das 19h, para discutir ações a serem tomadas diante as denúncias de violência por parte da PM.

Números

Neste ano, BH recebeu um público de 3,8 milhões de pessoas, em 470 blocos, um aumento de 26% em relação aos 3 milhões de foliões do ano passado. Esse boom se refletiu diretamente no caixa da Prefeitura, que arrecadou R$ 641 milhões com a festa e ainda teve patrocínio recorde de R$ 9 milhões — 66% a mais do que a cifra de 1,5 milhão registrada em 2017.

O presidente da Belotur, Aluizer Malab, aproveitou os bons números para lembrar que uma pesquisa informal realizada no Google apontou o “Carnaval de Belo Horizonte” como segundo mais procurado do Brasil no site de busca, atrás apenas de Salvador. Apesar disso, Malab negou que tenha ocorrido dissonâncias entre as ações traçadas pela Prefeitura e a PM, diante dos relatos de dispersão forçada e agressões por parte dos militares em diversos blocos, incluindo no Palco da Guaicurus, que estava na programação oficial da Belotur, mas teve a festa interrompida três horas antes do planejado por “excesso de ocorrências”, segundo a Belotur.

“Nós temos um planejamento que envolve 30 órgãos competentes. É normal que um ou outro evento possam sofrer mudanças. Mas, no geral, o planejamento foi realizado com sucesso e de maneira muito tranquila”, disse Malab.

Já o comandante da 1ª Região da Polícia Militar de Minas Gerais (Comando de Policiamento da Capital), coronel Anderson de Oliveira, disse que a PM precisou usar a força em apenas 0,1% dos eventos carnavalescos. Mesmo tendo tomado conhecimento das denúncias relatadas por um grupo de 70 blocos contra a PM (https://goo.gl/vkV3hG), o coronel informou que ainda não há denúncia formal na Corregedoria contra atuação de militares durante o Carnaval.

“Em todos os casos relatados de uso de força diferenciada, nós fazemos acompanhamento e avaliação técnica por parte da Corregedoria”, disse. “A partir do momento que algum órgão fizer qualquer tipo de reclamação, é feito um acompanhamento e avaliação técnica das ações. Mas tem que haver denúncia formal”, completou o coronel Anderson.