Onde tudo começa

No segundo dia de expedição, o repórter Bruno Moreno chega ao canal da transposição


09/05/2017

Por Bruno Moreno

Estação de bombeamento

Após um café típico dos hotéis nordestinos, com tapioca, mandioca e cuscuz, toquei rumo à barragem de Itaparica, nos municípios de Floresta e Petrolândia (PE), onde está a captação de água do eixo leste da transposição do rio São Francisco.

Ali começaria o percurso à margem do canal da transposição. Pouco depois do meio-dia já estava à beira d’água. Naquele ponto, onde foi construído o canal de captação, a água segue por gravidade até a primeira estação de bombeamento.

Como ventava muito, não arrisquei subir o drone. Fui, então, à EBV-1, que é a primeira estação de bombeamento a elevar a água, após seis quilômetros de canal. Ali, a água vence 30 metros e depois segue novamente por gravidade. São seis estações de bombeamento ao longo do eixo leste.

Subi o drone, mas com o vento forte ele ficou muito instável. Resolvi dar uma volta na região, e depois pernoitar em Petrolândia, para tentar novo voo no dia seguinte.

No retorno à rodovia, próximo à EBV-1, encontrei a casa do senhor Luiz Gomes de Sá, um agricultor e vaqueiro aposentado, de 73 anos. Ele me contou que mora em um galpão abandonado pelo exército, e está esperançoso com a vinda da água do São Francisco. Ele sobrevive com a água de caminhões pipa guardada em galões, mas espera um dia receber encanada a água do São Francisco.

Ele diz que gostaria que a água fosse aproveitada por quem mais necessita. “O grande (produtor) é estribado, e o pequeno (produtor) é um aventureiro”, diz.

Confira aqui a conversa Luiz de Sá:

Após uma xícara de café oferecida por Luizinho, e animado com uma primeira entrevista, decidi seguir um pouco o canal. Encontrei umas cabras, fiz umas fotos, e retornei a Petrolândia, onde decidi pernoitar. Ao falar do objetivo da viagem a um funcionário da pousada, ele me contou que seu primo havia trabalhado na obra e conhecia tudo dela. Ligou e em 10 minutos chegou o técnico em segurança Wagner Gomes. Depois apareceu o Luciano, que trabalha para uma empresa de telefonia e estava procurando um lugar para dormir. Sem carga no telefone, me pediu um cabo emprestado. Na sequência chegou o Rafael, amigo do Wagner.

Ficamos conversando em grupo por um bom tempo, e Wagner me contou sobre as peculiaridades da transposição, das comunidades próximas, e me ajudou a organizar melhor o roteiro. Na obra, Wagner trabalhou para concreteiras que forneceram material para o canal. Antes de nos despedirmos, me alertou: o trecho próximo à EBV-4 é muito perigoso, perto do reservatório de Quixadá. Fui dormir com essa pulga atrás da orelha, mas resolvi manter o plano. Amanhã tem mais.