Dar luz

O BELTRANO orgulhosamente abre espaço para a campanha Libertas. Um grupo de excelentes jornalistas mulheres que querem cobrir as eleições. No dia que a Lei Maria da Penha completa 12 anos nada mais importante que cada vez mais dar ainda mais voz a elas


Por Luiza Muzzi

Publicado em 07/08/2018

Foto: Bárbara Ferreira

No dia que minha sobrinha Martina chegou a esse mundo, 12 mil mulheres foram vítimas de violência física no Brasil. Doze mil mulheres. No mesmo dia, outras 61,7 mil sofreram algum tipo de assédio. Uma a cada 1,4 segundo. Pelo menos 130 foram vítimas de estupro, 70% delas crianças e adolescentes. Era um dia 25, reconhecido pela ONU como o Dia Laranja, pelo fim da violência contra mulheres e meninas em todo o mundo. 

Os números, embora altos, representam apenas parte da realidade. Como se sabe, a grande maioria dos casos de violência contra a mulher acontece dentro de casa, e o resultado é que a subnotificação dos crimes, em vez de exceção, acaba sendo regra. A boa notícia é que tem muita gente trabalhando para tirar essa enxurrada de casos da escuridão: a violência pode até acontecer na esfera privada, mas suas consequências são públicas e, como tal, seu enfrentamento exige uma discussão aberta e participativa da sociedade. 

No ano passado, enquanto a pequena Martina ainda era apenas um sonho, tive a oportunidade de me reunir com a subsecretária geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, ela própria uma sobrevivente de violência doméstica. Amina lançou um programa – The Spotlight Initiative – para jogar luz e dar visibilidade aos casos de violência contra as mulheres, dentro da proposta da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que, dentre outros objetivos, prevê metas para o alcance da igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas em todo o mundo. 

Estamos, muito além de números, falando de gente, de histórias, de vidas, que precisam ser conhecidas para saírem do anonimato e se fortalecerem. Conhecer, para transformar. No Brasil, a Lei Maria da Penha – um marco importantíssimo no enfrentamento da violência contra a mulher – completa 12 anos nesta terça-feira, 7 de agosto. Amparadas por essa lei, milhares e milhares de mulheres conseguiram romper ciclos profundos de violência, mas uma estrada muito longa ainda precisa ser percorrida para superarmos um problema que é estrutural e se repete. Como?

A participação ativa na vida pública, especialmente na esfera da tomada de decisões, é fundamental para a garantia de direitos e para o empoderamento das mulheres. Nós somos a maioria da população, mas enquanto não fizermos parte da formulação das políticas públicas e da sua execução, ocupando cadeiras no Poder Legislativo e exercendo cargos públicos em todos os níveis do governo, dificilmente teremos voz sobre questões que afetam diretamente nossos direitos e nossa vida em sociedade. 

Representatividade importa. O Parlamento precisa ser um reflexo de quem ele representa. Precisamos garantir a igualdade de oportunidades em todos os níveis. A participação igualitária das mulheres não é somente uma exigência democrática, mas uma condição necessária para que os nossos interesses, nossas pautas e nossas perspectivas sejam considerados sempre, a cada nova decisão.

Foi pensando em fortalecer a participação das mulheres e incentivar a igualdade de oportunidades que nasceu a Campanha Libertas – Por mais mulheres na política. Precisamos que nossas vozes sejam ouvidas e nossos direitos respeitados e, para isso, precisamos de mais mulheres ocupando cargos no Legislativo e no Executivo.  

Crédito: Divulgação Campanha Libertas

Nossa proposta é fazer uma cobertura jornalística das próximas eleições com foco na mulher, para que mais mineiras sejam eleitas em 2018. Por meio de reportagens, apresentação de propostas, mapa interativo, roda de conversa e fiscalização de recursos, queremos dar visibilidade às candidatas a cargos eletivos por Minas Gerais. Assim como é preciso tirar a violência doméstica do escuro, precisamos lançar luz também às candidaturas de mulheres. Por mim, por você, por Martina, por todas nós. Apresentar, debater, incentivar. 

Conhecer. Para transformar. 

*Luiza Muzzi é jornalista e uma das idealizadoras da Campanha Libertas – Por mais mulheres na política

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